O grito de “Independência ou morte” de Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga é a cena histórica mais divulgada sobre a Independência do Brasil. Ela é contada no Hino Nacional, se transformou em gravura nos livros, está presente em obras de arte e outros materiais que se referem à independência do nosso país em relação a Portugal. 

Mas o Sete de Setembro é uma data que remete a questões que vão muito além do que convencionalmente se contava nas aulas de história. A Independência é resultado de lutas que envolvem também mulheres, negros e indígenas. Todos eles têm em comum, além da história de muitas lutas, o apagamento histórico. 

Nomes como Pedro da Silva Pedroso, Agostinho Bezerra Cavalcante e Souza, Emiliano Felipe Benício Mundurucu, Antônio Joaquim da Costa Ribeiro foram importantes para a independência. Eles eram afrodescendentes, isto é, “pretos, “pardos” ou “crioulos”, como se dizia na época, e seus ascendentes eram africanos e, de algum modo, vinculados à escravidão.

Se a história dos homens não brancos foi ignorada, o que dizer das mulheres? Hipólita Teixeira de Melo, Bárbara de Alencar, Urânia Vanério, Maria Quitéria de Jesus, Maria Felipa de Oliveira, a imperatriz dona Leopoldina e Ana Lins tiveram uma atuação muito importante para a Independência. 

Sabe-se também que, meses depois da Independência, as marisqueiras de Itaparica, na Bahia, frente ao desembarque das tropas portuguesas nas praias da ilha. Essas mulheres negras, lideradas por Maria Felipa deram uma surra de cansanção, uma erva que causa muita coceira, nos portugueses, prejudicando sua intenção de derrotar as tropas brasileiras. 

Na data que marca o bicentenário da independência, falar sobre as lutas dessas pessoas unidas por um mesmo ideal, o de liberdade, soberania e democracia, é fundamental. 

É urgente e fundamental expor as vozes que foram apagadas e silenciadas da História.

 

Sindalesc, em defesa do serviço público e da liberdade