É muito triste que pessoas sejam vítimas de atos violentos, desumanos e preconceituosos. É também triste que seja preciso criar dias internacionais para reforçar a reflexão sobre tais práticas e ainda mais que, após eles serem criados, demora muito até que conseguimos ver uma pequena centelha de mudança.
O que ficou conhecido como Massacre de Shaperville – ocorrido em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, quando 69 pessoas morreram e 168 ficaram feridas por estarem fazendo uma manifestação pacífica contra a Lei do Passe – e que serviu para a ONU estabelecer, em 1976, o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é apenas uma entre as milhares de situações que já ocorreram em todo o mundo devido tanto à discriminação racial quanto ao preconceito étnico ou religioso.
Passados 45 anos, o que se vê ainda são populações com os menores índices de escolaridade, o maior número de encarcerados no país, em vulnerabilidade econômica. O que se vê são pessoas em condição de trabalho análogo ao escravo e sem assistência médica adequada. O que se vê são pessoas assassinadas, desempregadas e periféricas. Além disso, que não têm as mesmas oportunidades, pois sofrem, além das consequências de um processo histórico que excluiu, oprimiu, discriminou, reprimiu, dominou, com a falta de políticas públicas que as colocam, consequentemente, em situação de desvantagem em instâncias como educação, mercado de trabalho e saúde.
Somos interdependentes. Não há como sermos uma sociedade verdadeiramente democrática enquanto seres humanos são excluídos, violados e mortos. O racismo é uma invenção criada para justificar a exploração de determinados povos e etnias. Cientes do absurdo da discriminação racial, cada um de nós pode colaborar com respeito à diversidade e com a prática de atitudes mais inclusivas. Lutar constantemente para que cada vez mais existam políticas institucionais que eliminem o racismo e promovam a melhoria da qualidade de vida, garantindo a todos direitos humanos e liberdades fundamentais nos diferentes campos sociais. Lutar para que o tema da diversidade e do racismo seja debatidos em todas as instâncias da sociedade, sejam elas públicas ou privadas.
Apesar do discurso da “democracia racial”, o Brasil é um dos países mais racistas do mundo. Como afirma Angela Davis, “em uma sociedade racista, não basta não ser racista; é necessário ser antirracista”. É necessário mudarmos. É urgente ser antirracista para construirmos uma sociedade mais justa, equânime, inclusiva e diversa.