Neste mesmo mês que marca as homenagens ao Dia Internacional da Igualdade da Mulher, o Brasil viu ser escancarada a desigualdade que o nosso país vive quando o assunto é a proteção das mulheres e de suas diversidades.
O assassinato brutal da mãe de santo Maria Bernardete Pacífico, 72 anos, no dia 17 de agosto, em Simões Filho, a 20 quilômetros de Salvador, na Bahia, aconteceu na frente dos netos, dentro do terreiro, pela disputa de terras quilombolas.
O crime é considerado como um ataque brutal contra a democracia, e é considerado um feminicídio político. A execução da líder do Quilombo Pitanga dos Palmares é um retrato do racismo e das violações dos direitos humanos. Ela era uma mulher, negra, quilombola e à frente de um terreiro de candomblé. Isso sem contar que estava recebendo ameaças de morte, e o Estado brasileiro não a protegeu.
Aliás, diariamente mulheres agredidas por seus companheiros em todo o país também não encontram a proteção esperada (e garantida por lei) e acabam fazendo parte das tristes estatísticas de feminicídio.
É preciso reconhecer que há passos na busca por um Brasil menos desigual, como é o caso da lei sancionada pelo Governo Federal no início de julho e que tem o objetivo de assegurar a igualdade salarial entre homens e mulheres que desempenham a mesma função. A medida estabelece que, em caso de discriminação por gênero, raça ou etnia, o empregador deverá pagar multa equivalente à diferença salarial devida e 10 vezes o valor do novo salário.
Mas, também é preciso refletir sobre qual o alcance dessa lei. Será que ela realmente chega às chamadas maiorias minorizadas, que não têm as mesmas condições de acesso a estudo e empregos?
As mulheres, em especial as que fazem parte da população mais vulnerável, vivem a intolerância. Por tudo isso, um Dia Internacional da Igualdade da Mulher, como o que acontece hoje, é uma realidade ainda muito distante. Temos pela frente um caminho de muita luta, uma batalha tão difícil quanto necessária.