Em datas como o Sete de Setembro, que marca a Independência do Brasil, é comum ser contada a versão de que os homens brancos, comandados por Dom Pedro I, teriam inaugurado o império no país. Mas, há um percurso de apagamento histórico das heroínas e dos heróis dessa luta.
Exemplos disso são a atuação da imperatriz Maria Leopoldina, que hoje é considerada a mentora da independência; Maria Felipa, a guerreira negra, heroína da independência na Bahia; e a indígena Dionísia, que fez parte de um grupo de mulheres que iniciou a luta pela independência no Ceará.
Durante muito tempo, coube à etnografia e à antropologia a investigação sobre as populações indígenas. A história se eximiu desse papel. Em uma entrevista ao site Café História, a historiadora Vânia Moreira afirmou que as novas investigações sobre a participação dos indígenas nas lutas da Independência devem ajudar a entender melhor os desafios do Brasil.
Conhecer mais sobre Dionísia e o que ela representa para a nossa história significa entender a situação em que viviam as mulheres indígenas naquela época, quando eram escravizadas e violentadas. Conforme escreveu o professor João Paulo Peixoto Costa, na Folha de S. Paulo, em 31 de julho de 1822, Dionísia e outras indígenas agrediram o padre Felipe Benício Mariz e expulsaram autoridades na busca de seus direitos e de participação política.
De Dionísia se sabe muito pouco. De suas companheiras, não foi descoberto sequer os nomes. Ainda assim, elas são prova de que as mulheres indígenas tiveram participação ativa no turbilhão político e social. Se ontem, elas participaram da luta pela independência, hoje elas lutam contra a tese do Marco Temporal. Já sabemos que o Brasil não foi “descoberto” e que houve invasão e massacre dos povos originários.
Para que se possa falar em independência é preciso reconhecer a luta das populações indígenas, em especial, a atuação das mulheres indígenas.
Dionísia presente! Por verdade, memória, justiça e reparação histórica!