Diante dos infundados ataques sofridos pelos profissionais de taquigrafia de Santa Catarina, a União Nacional dos Taquígrafos – UNATAQ – e o Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de SC – SINDALESC – repudiam com veemência as tentativas de diminuir a profissão, que é essencial para o Estado de Direito e a democracia.

O próprio artigo 944 do Código do Processo Civil deixa clara essa importância quando estabelece que, se dentro de 30 dias os acórdãos de julgamentos de desembargador e/ou ministro relator ou, por analogia, os relatórios das CPIs não forem tornados públicos pelo deputado relator, o que valerá é o registro do taquígrafo, que tem fé de ofício, substituindo os textos das autoridades.

Diante das recentes publicações que consideram retrógrado o trabalho dos taquígrafos, cabe o esclarecimento de que o ofício vai muito além de um registro simples. A transcrição precisa de quando um deputado fala com emoção na Tribuna, das reações dos seus pares, requer rigorosas técnicas de precisão, além de essencial trabalho da Língua Portuguesa. A missão do taquígrafo é registrar a história dentro de uma esfera democrática com a máxima fidelidade.

Na era digital existe a idealização de que a informática substitui tudo, o que não é verdade. Tecnologia virtual é diferente de tecnologia real. Em alguns casos, os avanços chegaram a esse nível, mas ainda não há nada mais fiel em termos de registro que a taquigrafia. A tecnologia facilita e agiliza muito, mas não é eficaz nem substitui o acompanhamento presencial. Erros básicos de transcrição acontecem com palavras trocadas de forma esdrúxula, e algumas vezes chega-se a ponto de a transcrição ficar distorcida ou incompreensível. Levar a transcrição para alguém revisar e consertar depois, além de retrabalho, ameaça a credibilidade e a fidelidade do texto. Há que se considerar, ainda, que áudios podem ser editados.

No ambiente da Assembleia Legislativa há sessão cotidianamente. Os taquígrafos têm a incumbência de registrar a história com fé pública. Somado ao áudio, trata-se de um documento completo. Fica registrado quem falou o que e quando, o ambiente e as informações importantes do ponto de vista democrático, especialmente quando se trata de audiência pública ou CPI. Sistemas de software hoje não fazem isso.

O trabalho dos taquígrafos é reconhecido e utilizado internacionalmente. Há taquígrafos na ONU e nos Parlamentos europeus. Na ALESC, em 2017, somente a taquigrafia das comissões registrou atas de 82 audiências públicas, somando 540h de trabalho. Mais do que técnica, há conhecimento por trás de todo o processo e, em termos de conhecimento, nem tudo que é antigo é ultrapassado. Há vários exemplos de que a tecnologia ainda não está 100% apta a substituir o ser humano em muitos trabalhos, e a taquigrafia é um deles.

– UNATAQ e SINDALESC