Dia 25 de outubro, acontece o Dia da Democracia no Brasil. Mas, como falarmos ou celebrarmos a democracia se em nosso país não há o menor respeito aos povos originários, o que é comprovado pelo recente caso de racismo ambiental que vimos acontecer em Santa Catarina.
Além de castigadas pelas últimas chuvas no Estado, a Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ, onde residem 2.074 pessoas, incluindo as etnias Laklãnõ Xokleng, Kaingang e Guarani, foi alagada pelo fechamento das duas comportas da Barragem de José Boiteux, que está situada dentro da área indígena.
Não por acaso, essas são justamente as terras que colocaram em discussão o marco temporal pelo Superior Tribunal Federal. É evidente que se tratou de uma decisão política, e não técnica e que para ser efetivada descumpriu até mesmo o plano de contingência da Defesa Civil.
É preciso lembrar que antes da construção da barragem, o Rio Itajaí Açu, no Vale do Itajaí, desempenhava um papel fundamental como fonte de alimento para a população indígena. As pessoas que habitavam suas margens, utilizavam sua terra para cultivo e criavam animais. Então, na época da construção, aqueles povos já haviam sofrido uma violência contra os seus direitos.
Por conta da recente decisão do governo de fechar as comportas, há aldeias que ficaram em situação de emergência: isoladas, sem alimentos, sem água potável ou produtos de higiene.
Como se essa violência do governo aos povos originais e suas terras já não fosse absurda, a Polícia Militar foi violenta com os indígenas que protestavam. Quando um indígena é violentado na defesa das terras que são originalmente suas, não é somente ele que apanha, mas toda a sociedade e a nossa própria democracia.
Atacar a estrutura, a preservação da história e das tradições dos povos originais é negar a nossa própria história. A população local continua aguardando o respeito e a garantia de seus direitos. Hoje é dia de reconhecer os direitos da população indígena é o mínimo que podemos fazer.